Meu esposo e eu entramos em um táxi na Cidade do México e procuramos pelos cintos de segurança. O taxista nos disse que eles não estavam disponíveis. Vivendo nos EUA, estamos extremamente autoconscientes sobre conduzir qualquer veículo e atender à nossa segurança e a dos passageiros. Começamos a procurar pelos cintos debaixo do assento.
O taxista ficou irritado:
– Se vocês danificarem o assento do carro, vão pagar por um novo!
Ficamos aliviados em encontrar os cintos antes de adicionar outra camada de estresse na situação, pedindo-lhe para parar o carro. No entanto, houve tensão no ar por alguns momentos.
Meu esposo quebrou o silêncio para falar sobre o seu medo de chegar em casa com uma lesão grave e encontrar sua filha. Esse breve momento de vulnerabilidade e conexão de coração a coração foi o suficiente para criar uma ponte na falha de comunicação. O motorista se acalmou. Ele também tem filhos.
O taxista nos contou a história, e os perigos enfrentados, quando cruzou ilegalmente a fronteira para os EUA anos atrás. Ele teve medo de se ferir gravemente e não ser capaz de retornar para seus filhos. Nossas experiências como pais nos aproximou. Ele falou sobre o trabalho duro nos EUA, o que o possibilitou comprar o táxi e construir uma nova vida com o dinheiro economizado. O táxi tornou-se mais do que um objeto. É um símbolo que representa o sofrimento vivido e o sucesso financeiro alcançado, durante o tempo que viveu fora de seu país de origem. É a sua fonte de renda no México, o que lhe permite estar mais perto de sua família. O carro deve ser protegido contra danos a todo o custo!
“Eu sinto muito por ter exagerado,” ele disse. A conversa a partir desse ponto foi cheia de compreensão mútua.
Saímos do táxi gratos por ter acesso a uma perspectiva mais profunda sobre a situação. Apreciamos a oportunidade de nos colocar brevemente no lugar daquele homem. Teria sido muito fácil rotular rapidamente esse encontro e focar nas diferenças culturais entre mexicanos e norte-americanos.
Durante encontros interculturais é sempre bom se perguntar: Estes valores são pessoais? Estes valores são culturais? Esses valores são universais? Fazer isso é útil mas seja qual for a resposta, existe sempre a ponte humana entre você e a outra pessoa . Às vezes, só precisamos ficar o tempo suficiente com a situação, e passar pelo constrangimento, para encontrar pontos em comum. Então, mente e coração abertos os levará ainda mais longe no caminho intercultural.